Porque será que os rituais de passagem são tão importantes na nossa vida????
Será, que nos damos conta de que são marcas importantes na nossa biografia de vida, ou já esquecemos disso também???? E simplesmente cumprimos protocolos sociais, sem nenhum sentido mais!
O batizado na infância; as formaturas durante o período escolar, sempre com festas, viagens; a festa de 15 anos que marca o inicio da nossa adolescência; o ingresso na faculdade; o casamento. Enfim, são inúmeros os momentos que nos traduz de forma simbólica que concluímos ou atravessamos momentos da nossa vida. Geralmente são momentos de conquista para nós, portanto deveríamos celebrar e nos preparar para a próxima etapa.
Neste começo de ano vimos nosso primeiro filho Caio ir para o Primeiro Ano do Ensino Fundamental da Escola Acalanto. Com um ritual lindíssimo preparado pela professora e pelos pais, os alunos foram recebidos um a um. A professora os aguardava do outro lado de uma ponte, os pequenos alunos curiosos com tudo, quando chamados pelo nome se despediam dos pais e passavam por um arco de flores indo ao encontro da professora, cada amigo que cruzava a pontava se juntava para formar uma fila de mãos dadas. A professora contou uma história que escreveu especialmente para eles, entregou a cada um um pedra de cristal e logo após conhecerem a sala foram para casa.
Nesta mesma semana, também ouvimos dos amigos e conhecidos, vimos pelo noticiário, os rituais de passagem de muito alunos que ingressaram nas faculdades do Brasil todo, infelizmente uma cena bastante diferente desta.
Os chamados trotes, que deveriam ser um momento de brincadeira e comemoração se transformaram em atos de selvageria humana. Os veteranos se acham no direito de agredir fisicamente e psiquicamente os bichos como são chamados os novos alunos, estupidamente sem limites. Infelizmente para alguns, o limite as vezes só termina com a morte de um aluno.
O que será que aconteceu conosco? Será que não sabemos mais nos divertir com outros, isso só pode ser feito a custo da humilhação e degradação do outro. Será que perdemos nossa criatividade para criar brincadeiras saudáveis e celebrar estes momentos com alegria e integração.
Enquanto nós pais na primeira cena ficamos do outro lado da ponte emocionados e felizes. Alguns pais da segunda aguardavam em casa, impotentes e com os corações cheios de angústia.
Um amigo que há 30 anos havia sido morador de república estava se organizando com outros ex-alunos para tentar mudar essa cena tão triste…..essa é uma possibilidade. Será que poderíamos também exigir das autoridades escolares e civis que esses alunos fossem punidos?
Quais são nossas alternativas, o que podemos fazer???
Pois somente assistir a tudo e aceitar, significa contribuir para a banalização dos valores humanos, já tão degradados infelizmente.
Gaciene Santos
(mãe do Caio e Igor)